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segunda-feira, 31 de março de 2014

Pensamentos à Camelo...



Saudade é pra quem tem,
mas ter o que?
Saudade não seria a falta de algo,
entretanto só sentimos falta de algo que já foi nosso.

Infeliz é aquele que saudade nunca teve,
pois nada na vida teve.

Rabiscos de um dia de inverno



Sou apenas alguns rabiscos 
na tela que um dia foi a sua preferida,
mas que agora esta jogada em um canto de seu quarto,
completamente esquecida,
com boa parte apagada pela borracha do tempo.
Eu que já fui seu sorriso favorito,
sou agora um borrão antigo,
algo abstrato, sem sentido algum.


Mas se quiser pode vir novamente
e passar uma aquarela no quadro velho,
restaurar os traços que já lhe fizeram feliz.
Sim, lembre que fui as cores mais quentes
nos dias mais brancos e gélidos de teu coração.


terça-feira, 18 de março de 2014

Rouxinol


Oh meu pequeno e belo rouxinol,
já não está cansado de cantar solitário pelo céu?
Já não está cansado de voar em busca do verão?
Já não está cansado de sua inconstância? 

Então venha cá meu doce rouxinol,
cante para mim, 
eu lhe darei calor durante o frio,
te aceitarei de qualquer maneira,

não fuja mais desse lugar,
talvez aqui você não tenha tudo que deseja,
porém tem tudo o que precisa
e se algo te faltar eu ei de lhe dar em dobro,

só não me deixe de novo,
fique comigo e me deixe escutar sua bela voz,
pois não há nada melhor de se ouvir
do que o belo canto de um rouxinol.

E mesmo que os outros digam que você não é bom o suficiente,
você sempre será o melhor para mim, meu querido rouxinol,
por isso não se afaste e deixe a solidão de lado,
viva mais do que uma simples canção.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Promessas de um ano novo

A última música terminou
e a chuva começou
juntamente com nossa desolação.

Não há mais dança, não há mais festa,
não há mais fogos ou gritos de felicidade,
agora há somente garrafas quebradas, pessoas bêbadas pelos becos,
amores desfeitos pela praia
e choro de mães que perderam seus filhos e maridos.

Assim recomeçamos
uma vida nova
cheia de cicatrizes.

Suas Mãos

Suas mãos tão pesadas, tão doentias
fizeram-me um rio no rosto.
                                             Suas mãos tão gentis com outros,
                                              mas que somente me trouxeram dor.
Ainda lembro do seu toque em minha pele
e quão forte segurou meu braço.
                                             Agora toco suas mãos,
                                             tão gélidas como nunca estiveram,
mas já não sinto mais medo,
pois sei que elas jamais se moveram novamente.

A Canção de um Pássaro

O pássaro na gaiola canta por liberdade,
canta para alcançar o céu com suas asas,
para poder finalmente sair de sua prisão,
mas por mais que cante sua canção
sua liberdade só encontrará
quando seu corpo chegar ao chão.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Carta ao Zé

Caro Zé,
meu grande amigo, será que pode me ajudar?Vou te contar meu caso, depois você me diz se você irá ser útil para mim. 
Zé eu sempre soube que caminho tomar, tenho certeza que você sabe disso, mas agora eu estou perdida, sim zé, PER-DI-DA, dá pra acreditar? Não mesmo,  não é? Mas eu juro, meu amigo, que isso é a mais pura verdade, eu também não conseguia acreditar ou aceitar isso quando eu percebi. 
Eu andando certa pelo meu caminho, encontrei alguém que parecia estar perdido, então fui lá conversar com ele, só para perguntar se ele gostaria de seguir comigo pela estrada correta, ele aceitou. Então seguimos a caminhada, no começo eu sempre guiava nossa direção, mas aos poucos ele foi me levando por onde queria. Inicialmente eu  estava com medo, entretanto eu continuava o seguindo e seguindo, Zé não fique bravo comigo, eu não tive culpa, afinal quem esteve sozinha quando encontra companhia faz de tudo para não perde-la.
Porém em uma noite qualquer nos brigamos, o motivo é irrelevante, eu o mandei embora da minha vida e ele foi. Não sei como acreditei que seria simples esquece-lo e voltar para meu antigo rumo, agora percebo como era monótona minha vida, como era sem cor, sem nada. Agora eu percebo, de como ele foi importante para mim, de que ele fazia parte de mim, de que ele era minha alma, é meu caro eu mandei minha alma embora, agora eu já não posso mais voltar, então estou perdida nesse lugar, sem saber pra onde andar.
Então Zé será que você pode me ajudar a achar um caminho onde eu possa de volta a minha alma encontrar?

Entre batatas, beterrabas e tomates.

Estamos deitados, um distante do outro, mas ao mesmo tempo nunca tão perto. Conversamos sobre a vida e falamos em batatas, você gosta à maionese e eu assadas. Nos beijamos por palavras, brigamos e fazemos as pazes. Chegamos em beterrabas, você as detesta já eu não muito. Descobrimos coisas um sobre o outro, ficamos surpresos e rimos madrugada a dentro. O silêncio assume o comando, mas mesmo assim ainda não queremos despedidas, ouvimos somente o som de nossas respirações. Falamos de tomates e concordamos que são bons. Já são quatro da manhã, damos boa noite, pois ainda teremos que acordar cedo para trabalhar, mas mesmo depois de deixarmos de ouvir um do outro a voz, nossos pensamentos ainda estarão voltados para o que dissemos depois da meia noite.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Utopia

Verás o abrir das rosas sobre o campo,
sentirás o perfume delas espalhar-se pelo ar,
ouvirá o silêncio da mais profunda paz,
caminhará por campos calmos e seguros,
encontrará o amor verdadeiro e multo,
mas acordará e verás que tudo foste apenas um sonho.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Metamorfose-se

Torne-se
              algo além do esperado.
Liberte-se
              do que te prende atualmente.
Metamorfose-se
               sua mente
               e faça dela borboleta
               que vive e voa pelo céu
               sem medo do amanhã.        

Entre os laranjais e meus limoeiros

Entre os laranjais e meus limoeiros
corri, fugi, cai
sangrei, chorei, gritei.
Entre os laranjais e meus limoeiros
sorri, cantei, brinquei,
sonhei, vivi, pulei.
Entre os laranjais e meus limoeiros
fiz as mais preciosas lembranças,
as lembranças de minha infância.
Mas agora já não há mais 
os laranjais nem meus limoeiros,
foram tirados, cortados, acimentados,
deixando agora de existir.
E minhas lembranças,
antes tão vivas naquelas árvores,
agora vivem sob a dureza daquele pavimento.